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SMARTWATCHES REALMENTE SÃO BONS?

Traduzido como “vestíveis”, o conceito de wearable device surgiu por volta da década de 60, mas começou a ganhar popularidade apenas por volta de 2015, com os primeiros lançamentos de dispositivos voltados para o acompanhamento esportivo, conhecidos como "fitness trackers". Os anos se passaram e surgiram mais alguns acessórios que podiam ser vestidos e contavam com tecnologias: como óculos, colares, tênis e anéis.


Ainda que atualmente haja uma boa variedade, os wearables mais populares e consolidados seguem sendo os smartwatches e smartbands, tendo como principal funcionalidade a entrega de análises de desempenho e monitoramento de saúde.



PODEMOS CONFIAR NAS CALORIAS E BATIMENTOS CARDÍACOS DOS RELÓGIOS?


Segundo estudo publicado pela Fortune Business Insights, os relógios e pulseiras inteligentes deverão representar um mercado de mais de 60 bilhões de dólares em 2024. Ainda que esses tragam funções para troca de mensagens, monitoramento do sono e até sistema de localização familiar por GPS; as funcionalidades de acompanhamento esportivo são responsáveis pela decisão de compra em 92% dos casos.



As mensurações que os dispositivos realizam são as mais diversas, porém, dentre as métricas mais comuns e relevantes estão o número de passos dados, estimativa de calorias gastas e frequência cardíaca. Com tamanha popularidade, aumentam os questionamentos em relação à confiabilidade e assertividade dos novos aliados da atividade física. 


Um artigo publicado pela Stanford University School of Medicine analisou alguns dos fitness trackers mais vendidos, visando averiguar a precisão do monitoramento de frequência cardíaca e calorias gastas. O estudo realizado contou com 60 participantes de diferentes sexos, pesos, alturas, idades, composições corporais e níveis de sedentarismo. Cada voluntário utilizou 2 relógios por vez em cada braço, enquanto estavam sentados; caminhando na esteira e andando de bicicleta. Os sinais vitais também eram mensurados por meio de instrumentos médicos aprovados pelo FDA (Food and Drug Administration). Os dispositivos utilizados foram: Apple Watch; Basis Peak; Fitbit Surge; Microsoft Band; Mio Alpha 2; PulseOn; Samsung Gear S2.


A primeira análise levou em conta a frequência cardíaca e apresentou resultados surpreendentemente positivos. A margem de erro teve uma média inferior a 10%, uma diferença praticamente irrelevante, indicando que todas as marcas possuem bons sensores e são confiáveis. Em primeiro lugar ficou o da marca Apple com uma variação de apenas 1,8%; enquanto o da Samsung foi o pior, apresentando uma diferença de 6,8% quando comparado à medição médica.


Por outro lado, o teste de quantificação das calorias não apresentou números satisfatórios. De acordo com os critérios do estudo, um erro médio aceitável deveria ser menor ou igual a 5%, entretanto o melhor desempenho foi de 27,4% do Fitbit Surge, tendo como pior resultado impressionantes 92,6% do PulseOn.



QUAL ESCOLHER ENTÃO?


Com base no estudo, é possível concluir que, para fins de medição da frequência cardíaca, qualquer marca boa apresentará um bom nível de confiabilidade; por ser uma aferição simples e com uma tecnologia de sensores relativamente baratos. 


Já para as calorias gastas, o cenário é um pouco mais complicado, pois não é apenas uma aferição simples. É necessário o cruzamento de diferentes sensores e o desenvolvimento de um algoritmo capaz de realizar uma estimativa, na qual todas as marcas tiveram um péssimo desempenho.


Por fim, os fitness trackers são ótimos para auxiliar, motivar e tangibilizar as mais diversas atividades físicas. Não há uma grande diferença de confiabilidade entre as marcas mais famosas, portanto esse não deve ser o principal critério na hora de escolher seu companheiro de exercícios. É importante ressaltar que, como todos apontaram uma grande margem de erro na aferição de calorias, é preciso se atentar ao levar esses números em consideração. O melhor caminho sempre será contar com a assistência de um profissional de nutrição e educador físico para fazer a gestão do controle calórico.  


 

Guilherme Varela

CRN-3 84279


Fontes:

Shcherbina, A.; Mattsson, C.M.; Waggott, D.; Salisbury, H.; Christle, J.W.; Hastie, T.; Wheeler, M.T.;

Ashley, E.A. Accuracy in Wrist-Worn, Sensor-Based Measurements of Heart Rate and Energy

Expenditure in a Diverse Cohort. J. Pers. Med. 2017, 7, 3. https://doi.org/10.3390/jpm7020003




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